Poesia
A Peste Negra
Um pavor horrível e inexplicável: mas saboroso, e até esquisito, como o lótus, o fruto misterioso dos deuses da Índia, que sepulta o espírito nas extravagâncias da doidice.
O coração dele, do poeta da Judeia, era outrora doce como um favo, e brando como a cera, mas hoje os homens tinham-no feito duro, haviam-no tornado em pau, em mármore, em bronze, e em marfim.
A Poesia das Beiras
A Sombra dos Deuses
Aquela Nuvem e Outras
Árvore Hedonista
As Máscaras do Destino
«Se a carta de Lord Byron à irmã é por excelência o texto do amor incestuoso, esse amor entre iguais que, diz ele, o tornou incapaz de ligar-se a outro ser humano, a dedicatória de «As Máscaras do Destino» em Florbela Espanca evoca o irmão morto só não terá causado desconforto porque tanto ela como os seus leitores desviaram os olhos do fulgor negro desse sentimento. Este livro procura orientar-se entre a arrogância e dor, do que resulta uma visível dilaceração. Por traduzir romances sentimentais franceses, Florbela adquiriu alguma competência para as encenações sofisticadas. Atraem-na os ambientes da alta burguesia, da intelectualidade nos seus clubes. Há aquele excesso de jardins e de adjectivos que denunciam uma fraca literatura. Mas as páginas brilham quando nelas incide a luz alentejana e, por extensão, a luz de outras paisagens. Um trabalho de transfiguração, que é o grande trabalho de poesia, levanta-se em defesa desta obra como um irrefutável argumento.»
Hélia Correia
As Músicas do Fado
A carreira política de Ruben de Carvalho levou-o, através da Câmara Municipal de Lisboa, a participar activamente no Lisboa ’94 - Cidade Europeia da Cultura. Para as comemorações, o autor preparou um caderno e um CD (que nunca viria a sair) que dissertavam sobre o Fado, a sua génese, e os autores que ajudaram a elevar o estilo musical a património, como Alfredo Marceneiro e Amália Rodrigues. O livro Músicas do Fado é precisamente este caderno de 1994 e, além do já referido trabalho de investigação, age como uma defesa do Fado aos ataques da esquerda que conotava o estilo musical como um instrumento do Estado Novo.
Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses
Cantigas de Trovadores – De Amigo, de Amor, de Maldizer
Entre o século XII e o século XIV, a Penínsual Ibérica assiste ao nascimento de uma arte poético-musical cuja riqueza não cessa de nos surpreender. Inserindo-se no culturalmente fértil movimento artístico europeu, "o tempo dos trovadores", e utilizando não já o Latim, mas a língua já falada no Noroeste peninsular, o Galego-Português, a arte dos trovadores e jograis constitui um dos mais valiosos patrimónios culturais da Idade Média peninsular. Desaparecidas e redescobertas em meados do século XIX, as cantigas trovadorescas nunca deixam de nos desafiar, ao nível literário e artístico, suscitando criações contemporâneas, que asseguram a sua actualidade. Peunindo 17 temas de cerca de 1680 que chegaram até nós, esta antologia pretende ser uma justa homenagem às origens da língua e da literatura em Português.
Charneca em Flor
«No imaginário feminino português, Charneca em Flor, celebra um ultrapassamento literário: ruptura com o estereótipo de mulher imposto pelo patriarcado. a partir daqui a dor e as Saudades (dotes de mulher) são já um fantasma que ela vê passar pelas vielas de Évora, na figura evanescente da Menina e Moça que fora. Revisitando agora a sua origem alentejana, a nossa investida Sóror Alcoforado (antiga Dama de Bernadim e mística Dona Garcia de Resende) despe a mortalha e abandona a clausura para, em comunhão telúrica, abrir-se em flor - impulso que, desejo erótico, é também paixão de morte. Todavia, dentro desse paradoxo, Florbela se experimenta (em voo livre do regional para o nacional) avatar feminino de Camões. e deste modo mergulha em definitivo na fonte do soneto - forma fixa que passara a vida a ajustar a fim de torná-la mais condizente ao seu género. Afinal, no seu espírito poético, o soneto não lembra a cela, da qual toda a mulher se quer evadir?!» Maria Lúcia dal Farra
Charneca em Flor
«No imaginário feminino português, Charneca em Flor, celebra um ultrapassamento literário: ruptura com o estereótipo de mulher imposto pelo patriarcado. a partir daqui a dor e as Saudades (dotes de mulher) são já um fantasma que ela vê passar pelas vielas de Évora, na figura evanescente da Menina e Moça que fora. Revisitando agora a sua origem alentejana, a nossa investida Sóror Alcoforado (antiga Dama de Bernadim e mística Dona Garcia de Resende) despe a mortalha e abandona a clausura para, em comunhão telúrica, abrir-se em flor - impulso que, desejo erótico, é também paixão de morte. Todavia, dentro desse paradoxo, Florbela se experimenta (em voo livre do regional para o nacional) avatar feminino de Camões. e deste modo mergulha em definitivo na fonte do soneto - forma fixa que passara a vida a ajustar a fim de torná-la mais condizente ao seu género. Afinal, no seu espírito poético, o soneto não lembra a cela, da qual toda a mulher se quer evadir?!» Maria Lúcia dal Farra
Derivações do Ser
Nós somos Várias Derivações do Ser.
Este livro fala-nos do amor e da vida.
De amor e paixão.
Desilusão e loucura.
Encontros e desencontros.
Do trabalho árduo, do suor no rosto e da sobrevivência, dos problemas quotidianos de nós e dos outros.
Da realidade existencial de cada um.
De coisas simples.
Da paisagem e gente maravilhosa desta terra de montanhas e vales profundos e de planaltos, rios e lameiros.
De construção. De transformação. De mudança.
Das nossas raízes. De nós próprios.
Dialogando… Até um Breve Instante
Diálogos Íntimos
Esteira Cheia ou o Abismo das Coisas
Fado
Fado (1941) partilha daqueles traços marcantes da poesia do autor evidenciando uma faceta trágica e expressionista que por momentos atinge algum paroxismo. O sujeito lírico revela-se sensível à tragédia de tipos sociais e humanos afligidos por uma chaga moral, um fado, e que não vislumbram nem encontram qualquer oportunidade social de se realizarem. Há neste livro (cf. "Fado dos Pobres"), como nalguma da sua narrativa, vultos humanos e sociais – velhos, prostitutas, dementes, estropiados, artistas marginais, mulheres desencantadas- dignos de Raul Brandão. Constata-se uma atenção ao "pathos" feminino ("Fado das mulheres de vida fácil"), que aliás também atravessa a galeria feminina da narrativa do autor (nomeadamente no mencionado livro Histórias de Mulheres) e uma espécie de reconciliação amarga ou comunhão secreta com estas almas perdidas (cf. "Fado do Amor"; "Fado-Canção").
Fios Invisíveis em Canteiros de Pedra
Geração do Novo Cancioneiro
Sete décadas decorridas, a Editora althum.com pretende lançar o CD «O Novo Cancioneiro», de Maria de Jesus Barroso a declamar os poemas e Luísa Amaro a musicar com guitarra portuguesa, numa revisitação simultanemente poética e musical de algumas dessas propostas que visavam transformar a poesia portuguesa e propunham um vasto movimento de renovação. Nas composições originais de Luísa Amaro, também elas uma outra forma de Poesia dedilhada, encontrou toda a riqueza tímbrica da guitarra portuguesa, dolente e forte, suave e líquida, que às Palavras devolveram a música inteligente e sensível que nelas se acolhia. Com poemas seleccionados por Maria de Jesus Barroso, para os quais Luísa Amaro escreveu e interpretou as composições musicais, «O Novo Cancioneiro» constitui uma edição discográfica única. Da sua colaboração, em que ambas desvendam - na voz e na guitarra - a íntima musicalidade que a grande Poesia sempre guarda, nasceu um precioso objecto de colecção, feito de sensibilidade e rigor.
Gotas de Luz
Invenção do Problema
Invenção do Problema, de Luís Adriano Carlos, é um extenso poema que veio a lume em 1986, confirmando a importância inquestionável do seu autor. O texto exibe uma qualidade raríssima: a de aliar a extrema densidade de sentido e de agenciamento temático à leveza prodigiosa da enunciação. Embalada na aceleração uniforme do decassílabo, há uma voz que percorre um largo espectro de tonalidades paródicas, desde o registo assertivo e sentencioso ao lirismo emocionado, redizendo diferentes tempos e lugares do cânone literário que, em hipertexto difuso, se deixam atrair aos caminhos da reflexão metapoética.
Ladrões de Prazer
Laranjachão
Olga Sotto, preza a vida na sua essência, muito espiritual acha que não há limites no amor e cria raízes em Marrocos. Laranjachão é uma obra que contém livro de poesia e projecto musical de originais com a produção de Rámon Galarza e vídeo realizado por Luís Palha. As fotografias e ilustrações são da responsabilidade de Mara Barros e António Gamito. Os quadros são também da autoria de Olga Sotto. A obra é prefaciada pelo actor Victor de Sousa e pelo Prof. Dr. Vitor da Fonseca e conta com a participação de Eunice Muñoz, que dá o contributo da sua voz no projecto musical.
Livro de Mágoas
«O caso literário de Florbela Espanca continua a acenar-nos a partir da sua estranheza, radicalidade e engenho. Mas, tal como acontece com escritoras como Anais Ninn ou Sylvia Plath, para o leitor comum, a obra de Florbela Espanca não se distingue da trajetória da sua vida, e do seu drama psicológico, bem como da ousadia comportamental em relação aos costumes do seu tempo, e aparece normalmente embrulhada numa amálgama de referências e conceitos que deixam a sua avaliação literariamente ofuscada. Por isso mesmo, convém que a publicação da sua obra se rodeie de reverência mas sobretudo de cuidados científicos. a presente edição anotada das Obras Completas de Florbela Espanca, dirigida por especialistas conceituados, garante essas duas vertentes: a reconstituição rigorosa do texto primitivo e suas vicissitudes, e o cuidado extremo na sua apresentação ao público.» Lídia Jorge
Livro de Soror Saudade
«A poesia de Florbela Espanca caracteriza-se por um sentido de diferença e de mal-estar artístico e social que pode ser detectado quer no recurso ao soneto, quer na insistência numa subjectividade feminina onde imperam o desejo, o erotismo e um muito particular tratamento do corpo. Porém, infelizmente, e salvo algumas excepções, a crítica não parece ter reconhecido os desafios e as ousadias semântico-formais que a sua poesia apresenta - por isso muitos lhe chamaram poetisa, e não poeta, assim a pretendendo relegar para um lugar de menorização. o desassombro radical e a originalidade de Florbela Espanca merecem urgentemente leituras especializadas, competentes e isentas que lhe reconheçam o valor devido. Esta edição anotada, levada a cabo por especialistas de renome, é nesse sentido uma iniciativa altamente louvável que contribuírá decisivamente para uma correcta reavaliação e divulgação da sua obra, colocando a autora no justo espaço de absoluto destaque que ela detém como mulher poeta na cena literária portuguesas da primeira metade do século XX.» Ana Luísa Amaral
Meditações do Desassossego
Mensagem
Fernando António Nogueira Pessoa (1888—1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da literatura universal contemporânea. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Mensagem é uma das suas obras mais conhecidas. Publicada apenas um ano antes da morte do autor, a obra trata do glorioso passado de Portugal de forma apologética e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos portugueses.
Movimento Perpétuo
Nada!… Ou o Tudo no Desejo dos Sentidos
No Vértice da Noite
O processo poético é frequentemente descrito como desconstrução da linguagem. Parece, à primeira vista, ser justa a ideia, porém parte de uma premissa, no mínimo, questionável: a de que o discurso humano exprime verdadeira realidade, seja de ordem sensível, seja no plano das ideias, este supostamente baseado naquela. É de pensar-se, por isso, que aqueles que eregem como matriz estética, por excelência, da modernidade poética, a desconstrução da linguagem, não estão afinal, no desenvolvimento da sua oficina poética, a proceder a desconstrução alguma. A minha modesta obra poética busca uma tendência substantiva: limita-se a questionar incessantemente o Ser usando minimalmente um aparato de atributos adjectivamente traduzíveis. Homem nascido e vivido no Ocidente, interiormente vivencio o Oriente. Exilado que sou, aqui, pouco em mim reconheço, e pouco sou reconhecido. Disto falam os meus versos...
O Fogo Não Queima a Dúvida
O nascimento de uma nova obra de poesia é sempre um acontecimento de assinalar. Existe nesse acto um congregar de esforços e vontades em torno de um propósito, dar a conhecer aos outros o que de melhor críamos no campo literário.
Assim sendo, estamos perante uma obra que pode ascender ao patamar dos eleitos.
O Gnomon de Deus
O Local do Crime na Viagem de Existir
Obra Completa – Volume II – Cantatas, Canções, Idílios, Odes…
Após a publicação dos Sonetos e da Poesia Erótica e Satírica, este volume tem como escopo as cantatas, os idílios, as canções, odes e cantos. A obra poética de Bocage — pela primeira vez depurada de erros comuns e de composições alheias — ficará completa com a edição de mais quatro tomos, que contemplarão as sátiras, as elegias, os elogios, os epicédios, a poesia anacreôntica, os apólogos, os epigramas, as endechas, as glosas, as cançonetas, as traduções do latim e do francês, bem como textos esparsos.
Ode Marítima
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão, Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido, Olho e contenta-me ver, Pequeno, negro e claro, um paquete entrando. Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira. Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo. Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio, Aqui, acolá, acorda a vida marítima, Erguem-se velas, avançam rebocadores, Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Pau Brasil
É o livro de estreia poética de Oswald de Andrade. Foi publicado em 1925 pela editora parisiense Au Sans Pareil e, mais do que uma colectânea de poemas, é a mais representativa do chamado Movimento Pau-Brasil, movimento dentro do modernismo brasileiro. Na primeira parte do livro, Oswald recupera documentos da literatura de informação brasileira para, na segunda parte, rever alguns momentos da época colonial.
Poesia
Sim. São os poemas escritos em inglês por Fernando Pessoa sob o nome de Alexander Search. Luísa Freire traduziu-os e até já foi premiada pelo seu excelente trabalho (em 1996, aquando da primeira edição portuguesa destes poemas, escritos em inglês e assinados quer com o nome de Fernando Pessoa, quer com o do heterónimo Alexander Search).
Para a surpresa dos amantes da obra pessoana haverá um considerável número de inéditos por descobrir.
Poesia e Cultura
Jorge de Sena nasceu em Lisboa a 2 de novembro de 1919 e morreu em Santa Bárbara, na Califórnia, a 4 de junho de 1978. Licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia do Porto, parte para o exílio no Brasil em 1959 e aí doutora-se em Letras e torna-se regente das cadeiras de Teoria da Literatura e de Literatura Portuguesa. Muda-se para os Estados Unidos da América em 1965, lecionando na Universidade de Wisconsin e, anos depois, na Universidade da Califórnia. Poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta e tradutor, é considerado um dos mais relevantes escritores de língua portuguesa do século XX, autor de títulos como Metamorfoses (1963), Os Grão-Capitães (1976), O Físico Prodigioso (1977) e Sinais de Fogo (1979), este último considerado a sua obra-prima.
Poesia Incurável
A temática especificamente abordada neste volume cobre um largo espectro da sensibilidade barroca e, evoluindo da vertente piedosa à licenciosa, passando pela poética e pelo entremez, desdobra-se como as lâminas de um leque, uma imagem que adequadamente descreve o progresso da leitura que proporciona.
Ponto Último e Outros Poemas
Uma assombrosa colectânea de poemas escritos por John Updike durante os últimos sete anos de vida e que o autor compilou algumas semanas antes da sua morte, para este que é o seu derradeiro livro. A sequência de abertura, "Ponto Último", é constituída por uma série de poemas interligados, escritos por ocasião dos seus últimos aniversários, e culmina no confronto com a sua doença terminal. Recorda o rapaz que foi outrora, a família, a cidade pequena, as pessoas e as circunstâncias que alimentaram o seu amor pela escrita, e retira prazer e conforto de "converter as singularidades da vida em palavras".