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Os Maias – Volume I
Os Maias, por muitos considerada como a obra-prima de Eça de Queirós, foi originalmente publicada em dois volumes, em 1888. O livro centra-se na história de uma família da qual restam apenas dois sobreviventes: o elegante Carlos da Maia e o seu avô, Afonso da Maia, que o criou, depois de ter sido abandonado pela mãe e de o seu pai se ter suicidado. A obra é o retrato de uma época, expondo as fragilidades e vícios da sociedade lisboeta.
Santarém
Santarém, urbe de memórias milenares, amiúde bastião de liberdades, não soube (ou não pôde) preservar os seus mais importantes vestígios do período republicano, cujas reminiscências parecem ter-se ocultado sobre os ouropéis do Estado Novo ou do curso vigente da sociedade do consumo pós-contemporânea. (...) Efectivamente, não deixa de constituir uma surpresa para quem aborda a cidade na perspectiva da história do republicanismo a quase inexistência de memórias dos lugares, eventos ou personalidades que estiveram ligados à génese, implantação e afirmação da República, no fundo a instância histórica do actual regime. E isto é tanto mais surpreendente quanto Santarém foi palco e matriz de alguns dos principais acontecimentos que marcaram o período republicano, espaço de resistência republicana no tempo de Salazar, lugar de perseguição no tempo do Movimento de Unidade Democrática (MUD), apoiante de Humberto Delgado nas eleições de 1958 e ainda “ponta de lança” da agenda do 25 de Abril de 1974 (que na sua história tem como militar de relevo Salgueiro Maia).
Viseu
No caso de Viseu, podemos dizer, aliás, como mera curiosidade, que a revolução não apanhou desprevenidos os republicanos da cidade, dado que a primeira notícia da sua vitória em Lisboa não chegou por telégrafo, mas sim através de um passageiro de comboio que regressava da capital. O periódico socialista e republicano A Voz da Oficina, de 8 de Outubro de 1910, descreveu com invulgar minúcia a forma como se comemorou em Viseu a proclamação da República e fez questão de lembrar que os republicanos desta cidade mesmo antes da confirmação oficial da vitória (por telégrafo), na madrugada do dia 6 de Outubro, já estavam prevenidos: “já no comboio da noite do glorioso e histórico dia 5, um passageiro que nele regressava a Viseu, o Sr. Álvaro Borges Soeiro, se sabia que o triunfo dos republicanos era certo”.