A Literatura Entre o Sacerdócio e o Mercado
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Este livro parte daquilo que se pode considerar, para retomar um conceito estabelecido por um dos programas de trabalho do comparatismo clássico, um inquestionável «facto comparatista»: a relação existente entre Illusions Perdues de Balzac e A Eminente Actriz de Fialho de Almeida.
A comparação entre Fialho e Balzac, aqui em grande medida feita a contrario, ganha um acrescido interesse e justificação: Balzac representa a crença na literatura e na sua função social (privada e pública) no início do século e em contexto romântico; Fialho, no fim do século e em contexto naturalista, e já decadentista, fala-nos, com ressentimento e amargura, do esvaziamento da grande Crença da geração romântica – a literatura, justamente.
Para o estudo deste processo, recorre-se à análise da substituição da religião pela literatura, levada a cabo por Paul Bénichou em Le sacre de l´écrivain. A sociedade burguesa, secularizada e mercantil, tenderá a depositar no texto literário, ensinado por essa razão nas escolas, não só funções cívicas como religiosas, ou seja, justamente aqueles valores aos quais a livre concorrência capitalista nada tinha a dizer. A literatura desempenha então no espaço público funções constitutivas da própria racionalidade e sociedade burguesas, já que a família burguesa recorre à leitura doméstica como forma de refinamento da sensibilidade e de exercício da capacidade argumentativa.
O jornalismo, que desempenha neste quadro um papel de mediação indispensável, sofre porém a partir de certa data o impacto do capitalismo e da cultura de massa, tornando-se, na obra de Balzac, um lugar de degradação cívica, afastando-se do impulso iluminista de «educação» do público. Assiste-se, em consequência, ao declínio da esfera pública, sendo o lugar da família na formação da razão crítica dos cidadãos substituído por aquilo a que Habermas chamou o «domínio pseudopúblico (ou ilusoriamente privado) do consumo cultural».
Assim, o que as obras de Balzac e Fialho analisadas demonstram, é que se por um lado o ideal burguês de uma esfera pública livre de peias exteriores ao jogo da razão se revelou sempre de difícil aplicação, não é menos verdade que, tanto no francês como no português, esse ideal exerce um poderoso efeito de sedução. Num como noutro autor, o jornalismo, o teatro, o romance, são formas de, ainda e sempre, colocar a questão da esfera pública e do seu desejável funcionamento universal. Que o façam já sem ilusões, eis o que nos vem revelar as dificuldades e os limites da sua realização efectiva.
In stock
Weight | 0,210 kg |
---|---|
Autor(es) |
Maria Manuela Carvalho de Almeida |
ISBN |
9789728115135 |
Editora |
Angelus Novus |
Dimensões |
145 x 208 x 8 mm |
Encadernação |
Capa Mole |
Páginas |
152 |
Peso (kg) |
0.21 |
Idioma |
Português |
Livro |
Manuseado |
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